Golpe de “Corretor Fantasma” demonstra como a virtualidade ampliou o alcance e o impacto dos ataques digitais

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Nos últimos anos, a virtualidade tem se tornado um terreno fértil para diversos tipos de fraudes e golpes, expondo a vulnerabilidade de usuários e instituições.

Por isso, não é de hoje que os veículos de comunicação noticiam golpes de vários tipos em relação a seguros, incluindo diversos golpes de falsos corretores.

Em 2017, um empresário de Maceió relatou ter perdido R$100 mil em um esquema de seguro falso, além de ter seu carro furtado pelo corretor fraudulento.

Esse padrão de comportamento criminoso se repete em diversas partes do mundo, afetando tanto consumidores quanto os negócios de corretores de seguros legítimos.

Corretor fantasma foi preso após embolsar mais de 17 mil euros em golpe de seguro do Instagram

Um dos casos mais recentes é o do fraudador londrino Wahidullah Usmani, que conseguiu arrecadar mais de 17 mil euros vendendo apólices de seguro de carro inválidas através do Instagram. Em 2021, a equipe de fraudes da LV= General Insurance detectou uma apólice suspeita, adquirida por meio de uma conta no Instagram chamada @cheap_car_insurance_quotes.

A investigação revelou que Usmani manipulava dados para oferecer seguros de carro com preços extremamente baixos, atraindo vítimas que acreditavam estar fazendo um bom negócio. Ele foi preso por fraude, exercício de atividade regulamentada sem autorização e lavagem de dinheiro e teve sua conta no Instagram removida após a confirmação de suas atividades fraudulentas.

Mais um caso no Brasil

No Brasil, em maio do ano passado, a jornalista Giuliana Morrone revelou que foi vítima de um golpe por mais de 10 anos, confiando em uma falsa corretora que nunca contratou um seguro real para seus carros.

A falsa corretora de seguros havia sido uma indicação de um primo da jornalista, o que fez com que Giuliana nunca desconfiasse que os boletos que recebia eram falsos. A corretora dava o seu contato direto para os clientes e resolvia pequenos incidentes, mas o seguro em si não existia.

“Até que um dia, bateram no carro de uma prima e ela descobriu que nunca teve seguro”

De acordo com a jornalista, a falsa corretora era atenciosa e tentava resolver pequenos problemas com urgência: “Em qualquer emergência, bastava mandar mensagem para ela, que resolvia tudo. Bateram no meu carro e ela imediatamente tomou todas as providências. Aconselhada por ela, nem usei o seguro.

A franquia era alta e eu não queria perder bônus com desconto na renovação. Era tão competente que acabei ficando mal-acostumada, cliente mimada”, explicou a jornalista por meio de suas redes sociais. E, como “ninguém precisou de seguro para algo mais grave, como furto ou acidente”, a corretora seguia ofertando os serviços no mercado.

“Até que um dia, bateram no carro de uma prima e ela descobriu que nunca teve seguro”, completou Giuliana, que usava o mesmo serviço de seu familiar. Descobriram, então, que “ela mandava boleto falso, como se fosse da seguradora”, disse Morrone. “Ela tinha um esquema de motoboys que resolvia pequenos incidentes, como bateria descarregada, pneu furado”.

Esse tipo de fraude se tornou comum

Segundo a Susep, fraudes como essas são mais comuns do que se imagina. Golpistas muitas vezes pagam indenizações menores para manter a confiança das vítimas, mas deixam-nas desprotegidas em casos de sinistros de maior valor. Empresas que não são autorizadas pela Susep operam à margem da lei e não oferecem as garantias necessárias para honrar seus compromissos, expondo os clientes a muitos riscos.

Necessidade de vigilância constante e a importância de verificar a legitimidade de corretores

As fraudes dos “corretores fantasmas” são exemplos claros de como a virtualidade ampliou o alcance e o impacto dos ataques digitais. No caso de Usmani, o falso corretor londrino que usou uma plataforma popular como o Instagram, ele conseguiu enganar várias pessoas, prometendo economias de até 60% em seguros de carro.

Esse tipo de golpe destaca a necessidade de vigilância constante e a importância de verificar a legitimidade de corretores e empresas de seguro antes de realizar qualquer transação.

Corretores de seguros legítimos, entidades reguladoras e Susep tem papéis importantes na mitigação desses riscos

Essas situações prejudicam os consumidores e afetam a credibilidade dos corretores de seguros legítimos. A confiança dos clientes fica abalada ao se depararem com notícias de “corretores fantasmas”, dificultando o trabalho dos profissionais que atuam de forma ética e transparente.

Para mitigar esse problema, corretores verdadeiros precisam investir em certificações, participar de associações reconhecidas e promover a educação dos consumidores sobre como identificar fraudes.

Além disso, a Susep e outras entidades reguladoras devem intensificar a fiscalização e criar campanhas de conscientização para ajudar o público a reconhecer e evitar golpes. Ferramentas de verificação online e a transparência nas comunicações são essenciais para construir um ambiente de confiança.

Brasil ocupa a vice-liderança em ranking global de golpes digitais 

É claro que mesmo adotando atitudes que possam mitigar alguns riscos, não há como negar que os golpes de seguros falsos exemplificam um problema maior: o aumento dos golpes digitais.

Nos últimos anos, houve um aumento acentuado nos ataques cibernéticos ao redor do mundo. Com a tecnologia ganhando cada vez mais espaço na vida dos consumidores, quadrilhas tentam tirar proveito por meio de compras online, falsas centrais de atendimento e até promessas de renda extra e o Brasil ocupa a vice-liderança em ranking global de casos.

Conforme dados de pesquisa realizada pela SAS Institute, empresa de business intelligence, a maioria dos consumidores brasileiros (80%) disse ter sofrido algum tipo de fraude digital ao menos uma vez. “Pessoas que antes não utilizavam serviços digitais passaram a utilizar, com isso o acesso aos dados aumenta e acaba abrindo margem para essa ocorrência de golpes e de fraudes.

Numa cadeia onde a gente pensa em segurança da informação, o elo mais fraco é sempre o usuário, que às vezes abre brecha para a atuação de quadrilhas especializadas”, afirmou Neyanne Araújo, advogada especializada em direito digital, segundo matéria do Correio Braziliense.

Aumento de golpes digitais e de ataques cibernéticos 

A situação dos golpes digitais e ataques virtuais aos sistemas e pessoas é uma situação tão séria que exige medidas de segurança em várias esferas. De acordo com uma notícia publicada no Jornal da Advocacia da OAB de São Paulo, esse fenômeno pode ser explicado por diversas razões, incluindo: a crescente interconexão global, o rápido avanço das tecnologias, a maior dependência de sistemas digitais e a sofisticação dos agressores.

O advogado especialista em direito digital, Luiz Augusto D’Urso, afirmou, em entrevista à Record News, que casos como o do último apagão cibernético se tornarão cada vez mais perigosos com o avanço tecnológico.

Ele explicou que a tendência é que o mundo fique mais dependente do mundo digital a partir da Era 5G e, qualquer falha na segurança, pode afetar “toda a vida na Terra”. O sistema de saúde, por exemplo, pode sofrer consequências e impedir a realização de cirurgias e procedimentos que podem salvar os pacientes.

Necessidade de medidas preventivas e educativas para proteger tanto consumidores quanto corretores de seguros legítimos

Fica evidente que a vida digital oferece bônus e ônus como praticamente qualquer coisa existente no mundo. Por isso, é importante que o ônus seja compartilhado com indivíduos e entidades que estejam envolvidos em determinado ato ou processo virtual.

Nos casos de ataques cibernéticos e golpes variados, há meios de mitigar riscos e, algumas vezes, até evitá-los. Os casos de fraude como o de Usmani e os relatados no Brasil são exemplos que trazem luz para a necessidade urgente de medidas preventivas e educativas para proteger tanto consumidores quanto corretores de seguros legítimos.

A virtualidade, enquanto amplifica o alcance dos golpes, também oferece ferramentas poderosas para combatê-los, desde que usadas de forma estratégica e consciente. A colaboração entre autoridades, empresas e consumidores pode ser determinante para construir um ambiente digital mais seguro e confiável.

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Fonte: Insurtalks I CQCS