Setor de seguros cresce 28,2% no Ceará e fica acima da média nacional no 1º semestre

Compartilhar nas redes sociais

Mercado segurador no Estado arrecadou, R$ 2,56 bilhões de janeiro a junho de 2021, sem considerar saúde e Dpvat. No Brasil, avanço foi de 19,8%, segundo dados da CNseg. Para especialistas, movimento sinaliza retomada econômica no País.

Levantamento da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização (CNseg) aponta que o setor segurador no Ceará arrecadou (sem saúde e sem o Seguro Dpvat) R$ 2,569 bilhões de janeiro a junho de 2021.

Esse número representa um crescimento de 28,2% em relação ante igual período do ano passado – acima da média nacional, que foi de 19,8% – e, na visão dos especialistas, é mais um sinal de reaquecimento da economia.

“O mercado de seguros no Ceará tem apresentado um ritmo consistente de recuperação no acumulado do primeiro semestre deste ano, a exemplo do que vem acontecendo em todo o Brasil no setor.

Identificamos uma aceleração maior nesta retomada, com taxas de crescimento acima da média Brasil, considerando a soma de todas as modalidades de seguros (exceto saúde e seguro Dpvat) ”, avalia Marcelo Amanajás, executivo de seguros e delegado do Sindicato das Seguradoras Norte e Nordeste (Sindsegnne) no Ceará.

“O setor de seguros no Ceará projeta resultados positivos de faturamento para 2021, o que deixa todas as instituições do setor confiantes, mas, ainda assim, será pouco superior ao registrado no mesmo período pré-pandemia (2019) ”, ressalta.

Recuperação

O executivo de seguros reafirma que os resultados positivos foram alcançados em razão da retomada das atividades econômicas. “Somente com o avanço na vacinação contra a Covid-19 e a redução do quadro de contágios da doença, foi possível o retorno das atividades econômicas e, com isso, a melhora dos índices de confiança, emprego e renda”, analisa Marcelo Amanajás.

Para Jaques Andrade Furtado, diretor comercial da Andrade Estrela Corretora de Seguros, existem outros fatores para o avanço desse mercado. “O setor de seguros foi um dos que menos sofreu com a pandemia, porque, mesmo no ano passado, tivemos um crescimento de dois dígitos no mercado, ao longo de 2020.

Como as pessoas passaram a ficar mais tempo em casa, começaram a perceber melhor o valor da vida, e muitas seguradoras adotaram uma campanha forte em cima dos seguros de vida, aproveitando o momento de saúde pública. Isso resultou em muitas vendas de seguros de vida”, observa.

A análise faz sentido: no Ceará, os seguros de vida, especificamente, tiveram uma arrecadação de R$ 220,3 milhões entre janeiro e junho, 40,5% a mais em relação a igual período de 2020. Outro segmento com bom resultado foi o de seguros patrimoniais, que alcançou arrecadação de R$ 88 milhões no Estado, uma alta de 11,6% ante o primeiro semestre do ano passado.

Legislação

Outras mudanças na legislação favoreceram o crescimento do setor de seguros neste ano. De acordo com Jaques Andrade, com a nova lei de licitações, mudaram os percentuais de exigências dos seguros, especialmente do seguro garantia contratual.

“As garantias, que antes eram obrigatórias nos contratos com o governo, de 1% nas licitações e nas execuções, e entre 5% e 10% do valor da obra, passaram a ser exigidas em 30% o valor da obra, então, obrigatoriamente, um mesmo empreendimento de, por exemplo, R$ 10 milhões, que tinha uma garantia de até R$ 1 milhão, passou a ter garantia de R$ 3 milhões. Com isso, os prêmios também aumentaram”, compara o empresário.

Diante dos fatores favoráveis e das condições macroeconômicas de retomada do crescimento, as perspectivas para o setor de seguros são positivas para o restante do ano, com a recuperação de, no mínimo, os mesmos níveis de 2020.

“O mercado de seguros vive um otimismo moderado, com os resultados obtidos no 1º semestre 2021, bem como na confiança de que vamos conseguir estabilizar a pandemia e que o cenário econômico possa continuar evoluindo de forma sustentável.

Os impactos das condições macroeconômicas no setor de seguros tendem a ter o mesmo comportamento sentido pelas empresas e consumidores. Quando a economia está aquecida, as empresas e consumidores expandem seu consumo e buscam mais proteção através dos produtos de seguro”, acrescenta Marcelo Amanajás.

Queda nas vendas de automóveis e de viagens impediu crescimento ainda maior

Nem todos os segmentos de seguros tiveram bons resultados no Ceará, no primeiro semestre deste ano. Modalidades ligadas a viagens tiveram retração de 78%, ante 2020. “Essa retração ocorreu em razão da diminuição das viagens internacionais, já que este é um seguro obrigatório para o turista entrar em alguns países. Com a pandemia, essas viagens caíram, assim como a comercialização deste produto”, observa Marcelo Amanajás.

Já as coberturas ligadas a automóveis, apesar de melhora em relação a 2020 no faturamento (R$ 387,1 milhões), apresentaram grande retração em relação ao período pré-pandemia (-7,49% entre janeiro e maio de 2019 e janeiro e maio de 2021), “devido à queda nas vendas de automóvel, à redução da fabricação, à restrição social de lockdown e pelo consumidor estar cauteloso diante do cenário econômico incerto”, pondera.

No Brasil, de janeiro a junho de 2021, o mercado de seguros cresceu 19,8%, com arrecadação de R$ 145,1 bilhões, superando a do segundo semestre de 2019, antes da pandemia, que foi de R$ 144,7 bilhões.

Os destaques no período foram o segmento de cobertura de pessoas (que inclui vida e previdência), cuja arrecadação evoluiu 23,7%, seguido pelos segmentos de danos e responsabilidades (15,4%) e títulos de capitalização (8,4%).

Fonte: O otimista I CQCS