Portugueses pagam mais por seguros que os nacionais na Suíça

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Na UE é proibida diferença de tratamento com base na nacionalidade. Já na Suíça considera-se que o uso desse critério para determinar o prémio não se baseia em preconceitos mas em estatística.

Os jovens portugueses pagam cerca de 24,2% a mais que os nacionais na Suíça pelo seguro automóvel nos veículos Mercedes-Benz GLC para danos causados ao automóvel por fatores externos e por aqueles que o condutor é responsável.

Os dados foram divulgados num estudo da suíça Comparis, empresa que compara os preços dos produtos online.

O aumento do prémio deste tipo de seguro para um estrangeiro na Suíça face a um nacional pode chegar até aos 74,4%. Esta diferença é atribuída aos jovens oriundos do Kosovo, de 20 anos de idade, na cidade da Basileia e que conduzam um Mercedes-Benz GLC.

Os macedónios e turcos aparecem de seguida como os estrangeiros que mais pagam pelo mesmo seguro, mais 73,6% e 72,9%, respetivamente.

Entre os condutores espanhóis analisados, aqueles que pagam mais do que os suíços pelo mesmo produto são os que conduzem um Škoda Octavia na Basileia (mais 19,8%).

Entre os italianos são os jovens que conduzem em St Gallen um VW Golf (16,9%) e nos jovens alemães a diferença é de 2,6% (em Basileia se conduzirem um Škoda Octavia).

Alemães chegam a pagar menos que suíços

Para os condutores experientes a diferença é menor, mas ainda significativa. Um Kosovar de 42 anos paga cerca de 54,8% a mais do que um suíço em Zurique, para um macedónio o aumento é de 54,7% e para um turco 53,7% por um seguro para danos de um Mercedes-Benz GLC.

Em contraciclo, os cidadãos alemães pagam o menor suplemento para estrangeiros, chegando a pagar menos do que os nacionais daquele país. Em St Gallen e Bienne, um condutor alemão experiente com um Škoda Octavia paga cerca de 1% menos do que um condutor suíço. O mesmo acontece com um Fiat 500 e um Cupra Formentor nas zonas urbanas do Ticino.

Para o estudo foram considerados apenas condutores que nunca tiveram acidentes. O que acaba por revelar que o cálculo do prémio dos estrangeiros não se baseia apenas no comportamento do mesmo ao volante, mas tem conta o comportamento dos compatriotas.

“O cálculo do prémio não se baseia apenas no comportamento ao volante do próprio, mas também no comportamento ao volante dos seus compatriotas”, esclareceu o especialista em mobilidade da Comparis, Adi Kolecic.

Na Suíça a idade, o local de residência, o sexo, a experiência de condução assim como a nacionalidade são critérios determinantes para o montante do prémio.

Determinante na Suíça, ilegal em Portugal

Em Portugal a nacionalidade não é um critério tido em consideração para o cálculo de um prémio de seguro, pois, assim como em todos os países-membros da União Europeia esta prática é ilegal.

A Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia proíbe qualquer diferença de tratamento com base na nacionalidade ou sexo. Nos estados-membros as seguradoras só podem determinar os prémios com base em fatores comuns acidentes anteriores ou antecedentes judiciais.

Já o governo suíço argumenta que o cálculo dos prémios com base nos diferentes critérios não se baseia em avaliações ou preconceitos, mas da observação de cálculos estatísticos.

Assim, considera que a tarifação baseada nos riscos em função das nacionalidades não constitui discriminação e é permitido às seguradoras utilizarem a nacionalidade para o cálculo do prémio.

A empresa de comparação online avaliou os prémios de seguro completo para condutores de sexo masculino de nacionalidade suíça e os oito maiores grupos estrangeiros na Suíça, nomeadamente, alemães, espanhóis, franceses, italianos, macedónios do norte, portugueses, turcos e kosovares.

O estudo foi realizado tendo em conta os dados dos prémios lançados em junho deste ano e foram examinadas 85.483 ofertas de 11 seguradoras diferentes, nomeadamente, Allianz, Axa, Baloise, Elvia, Generali, Helvetia, Postfinance, Simpego, Smile, TCS e Zurich.

https://eco.sapo.pt/2024/09/04/portugueses-pagam-mais-por-seguros-que-os-nacionais-na-suica/

 Fonte: Eco – SAPO