Dona do Banco Montepio atinge um lucro consolidado de 92,6 milhões de euros em 2023 e vai receber dividendos do banco e seguradoras

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Os resultados consolidados da Associação Mutualista Montepio Geral, ascenderam a 92,6 milhões de euros, mais 5,8% do que em 2022. Pelo terceiro ano consecutivo todas as empresas detidas e participadas pela Associação do Montepio registaram lucros e vão distribuir dividendos.

Questionado sobre o apoio do Estado aos jovens para compra de casa, o presidente do grupo diz concordar e quer ser parte da solução, arrendando casas aos associados

O lucro consolidado do grupo Montepio ascendeu a 92,6 milhões de euros em 2023. Para os resultados consolidados contaram as contas individuas da associação do Montepio, e entre os principais ativos do grupo, as do Banco Montepio e das seguradoras Lusitania e Lusitania Vida.

As seguradoras, Lusitania e Lusitania Vida, viram os seus lucros mais do que triplicar para 17 milhões de euros e 17,9 milhões de euros respetivamente em 2023.

O lucro do Banco Montepio caiu 15,9% para 28,4 milhões de euros, mas mesmo assim depois de cobertos os resultados transitados negativos conseguiu distribuir dividendos.

O resultado operacional do grupo ascendeu a 245 milhões de euros, o que depois de impostos (49,2 milhões de euros) e dos resultados em operações em descontinuação de 102,5 milhões de euros (Finibanco Angola) ascendeu a 92,6 milhões de euros (descontados os interesses minoritários de outras entidades acionistas do banco e de empresas do grupo), refere a associação do Montepio, esta segunda-feira, na conferência de imprensa de apresentação de resultados.

O número de associados caiu de 606 483 para 604 799.

O presidente da Associação do Montepio, Virgílio Lima sublinhou na conferência com os jornalistas que estes três anos de resultados positivos revelam que “as empresas do grupo estão a valorizar-se e a corrigir o seu valor”, referindo mesmo que já foram libertos cerca de 60 milhões de ativos por impostos diferidos face a 2017, quando a associação passou do regime de isenção para o pagamento de impostos.

O capital próprio do grupo ascende a 392,7 milhões o que evidencia uma melhoria face a 2022 (253,1 milhões).

A margem financeira do grupo ascendeu a 460,8 milhões de euros, mais 55,2% face a 2022, à boleia do aumento das taxas de juros e dos ganhos do banco nas receitas dos juros cobrados nos créditos à habitação.

Os proveitos de associados e prémios de seguros cresceram 2,4% para 1131,9 milhões de euros, dos quais 869,5 milhões decorrentes da atividade mutualista e 262,4 milhões de euros da atividade seguradora. Quer uma, quer outra cresceram 2,5% e 2%, respetivamente, face a 2022.

Já os gastos de funcionamento aumentaram 4,5% para 369,9 milhões de euros, com crescimento de todos os custos: os gastos administrativos passaram de 102,8 milhões para 110,6 milhões; os gastos com pessoal passaram de 208,7 milhões de euros para 213,7 milhões de euros, e as amortizações passaram de 42,4 milhões de euros para 45,6 milhões.

O número de trabalhadores caiu de 4691 em 2022 para 4492 em 2023 o que corresponde a menos 4,2%. Queda explicada devido à reestruturação do Banco Montepio que dispensou cerca de 190 trabalhadores em 2023.

As imparidades e provisões aumentaram para 58,2 milhões de euros, mais 14,3%, por conta das imparidades para crédito que passaram de 13,3 milhões para 49,6 milhões de euros em 2023. Já as imparidades com outros ativos caíram de 33,5 milhões para 17,1 milhões de euros.

Sobre a venda do Banco de Empresas Montepio, que está sob a alçada do Banco Montepio, Virgílio Lima afirma que o processo corre os seus termos “normais” e que a venda à fintech Rauva estará “para breve”, quando questionado sobre o porquê da demora, já que o negócio está acordado desde setembro de 2023.

Trata-se de “um prazo normal para este tipo de atividades. São consultas imperativas que este tipo de operações determina”, adianta. Em causa está a venda da licença do BEM, um negócio de cerca de 30 milhões de euros que será encaixe do Banco Montepio.

20 MILHÕES DE EUROS EM DIVIDENDOS

Pela primeira vez em anos que a associação do Montepio não recebia dividendos e pelas contas de 2023 vai receber cerca de 20 milhões de euros, dos quais 6 milhões da parte do banco. Virgílio Lima sublinha com agrado que em 2023 as entidades, nomeadamente o Banco Montepio, principal ativo distribuiu dividendos.

Para isso a Associação teve de no caso da Lusitania avançar com uma reestruturação ao nível do capital, à semelhança do que fez com o banco, mas para a seguradora houve uma injeção de mais de 110 milhões de euros para cobrir resultados transitados negativos. Só desta forma era possível distribuir dividendos. A seguradora passou de 24 balcões para 5.

No Banco Montepio houve também uma intervenção ao nível dos resultados transitados negativos, absorvido por capital. Recorde-se que em 2023 o banco registou um lucro de 28,4 milhões, uma redução face aos 33,8 milhões obtidos em 2022.

ASSOCIAÇÃO QUER CONSTRUIR E ARRENDAR CASAS

O presidente do grupo Montepio afirmou em conferência de apresentação de resultados que considera positivas as medidas para ajudar os jovens a comprar casa e aproveitou para anunciar que a associação tem um projeto para ajudar os associados jovens face à crise na habitação.

A associação quer comprar casas ou mesmo construir para diminuir esta necessidade.

Para isso Virgílio Lima estima um investimento entre os 25 milhões de euros e os 100 milhões de euros, podendo o grupo avançar com este projeto até ao final do ano, tendo, no entanto, que conversar com a tutela e aprovar em Assembleia Geral, para homologação.

Virgílio Lima refere que esta solução não dará resposta a todos os associados em todo o país, por isso adianta que a associação poderá comprar casas para depois as arrendar. “Não temos capacidade para construir”, diz, embora equacione poder construir no futuro.

https://expresso.pt/economia/2024-06-03-dona-do-banco-montepio-atinge-um-lucro-consolidado-de-926-milhoes-de-euros-em-2023-e-vai-receber-dividendos-do-banco-e-seguradoras-cb1ceacc

Fonte: Expresso