Colocados à venda por seguradoras, veículos de enchente são leiloados por até metade do valor da tabela Fipe

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Carros são arrematados por pessoas físicas e jurídicas. Compra exige cuidado e conhecimento das regras do leilão, já que não há garantia, nem possibilidade de desfazer o negócio. Também há possibilidade de o dano constar no documento do veículo, dificultando um repasse ou venda futura do bem.

Com a estimativa de 200 mil veículos atingidos pela enchente no Rio Grande do Sul, seguradoras e empresas com frotas maiores enxergam em leilões a possibilidade de diminuir prejuízos. Por outro lado, os preços que chegam à metade da tabela Fipe atraem consumidores e até mesmo revendedores que desejam recuperar e repassar os carros.

Apesar dos valores mais baixos, consumidores que não são acostumados a adquirir veículos em leilões precisam se atentar às regras e condições da compra. Veículos comprados em revendas e diretamente com o proprietário também exigem cuidados.

Somente o setor de seguros recebeu, até 18 de junho, 19 mil avisos de indenização de carros afetados. No pátio de uma leiloeira de Nova Santa Rita, na Região Metropolitana, são cinco mil veículos para serem leiloados nos próximos dias.

— O pico maior foi atingido, mas todos os dias temos recebimento grande de unidades de enchente. Não tanto quanto até o final da semana passada, mas ainda está entrando — afirmou a diretora de Relações com o Mercado da Pestana Leilões, Liliane Parmeggiani.

A enchente também mudou o perfil do comprador. Antes dominados por pessoas jurídicas que compravam carros para revender, agora há motoristas interessados em comprar para uso pessoal.

— Esses veículos de enchente, têm um problema de motor, mas não de lataria, de pneu e etc.. Então têm atraído o público, que também tem olhado oficinas de recuperação (de enchente). Até anos atrás não existia. Nós vendemos carro de enchente há muitos anos, mas não era muito procurado, porque não tinha como recuperar muito fácil — relatou Liliane.

O valor de leilão se aproxima da metade do preço da Fipe, conforme dano e modelo do veículo. Em leilão realizado nesta quinta, por exemplo, uma Jeep Compass avaliado em RS 106 mil era leiloada com lance mínimo de R$ 49,5 mil.

Antes de leiloados, todos carros passam por lavagem e higienização. No entanto, os danos de lataria, mecânicos e elétricos não são reparados. Dessa forma, o comprador precisa ter ciência que o veículo é adquirido no estado em que se encontra. Muitos não estão ligando e sequer possuem chave, o que impede, por exemplo, saber a quilometragem. Esses custos são de responsabilidade do comprador.

Os documentos são expedidos em cerca de 45 dias após o leilão, depois do pagamento de todos os custos. No caso das seguradoras, Liliane afirma que todos veículos são classificados com danos de média monta, o que garante uma anotação permanente no documento. Essa anotação desvaloriza o bem e pode dificultar ou até mesmo impedir que o dono faça uma nova contratação de seguro.

Além da estética, manutenção mecânica e elétrica exige atenção

Segundo o presidente do Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos do Rio Grande do Sul (Sincodiv/Fenabrave), Jefferson Fürstenau, os consumidores devem se atentar para dois cenários.

— Nós temos o cenário dos veículos que realmente foram a leilões, que são os carros que as seguradoras indenizaram. Tu tens a consciência que foi um carro alagado. E tem os carros que foram recuperados em casa e que tu não sabes que foram alagados. Então eu vejo que esse é o principal problema quando compra gato por lebre — avaliou.

Embora considere que não seja vantajoso adquirir carros de enchente, Fürstenau orienta que os consumidores se atentem para as características técnicas do veículo.

— Quando mais tecnologia tiver o carro, maior o dano. Mais conectores ele tem, parte eletrônica mais apurada. Se pegar um carro que tem baixa tecnologia, pode valer a pena comprar com uma depreciação de mais de 50%. Comprar um carro com 40% do valor da Fipe, pode valer a pena. Mas não é o indicado — disse.

Além disso, carros particulares podem não conter a anotação no documento que comprova o dano. Dessa forma, o presidente orienta que os compradores devem avaliar as seguintes condições em qualquer carro.

Observar se carpete e estofamento estão com sinais de remoção, o que pode indicar que o veículo foi completamente lavado e higienizado.

Observar caixa de fusíveis e procurar sinais de oxidação. Se tiver, é provável que foi alagado

Buscar empresas que avaliam e apuram o histórico de veículos

Levar a um mecânico de confiança antes de efetivar a compra

https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/noticia/2024/06/colocados-a-venda-por-seguradoras-veiculos-de-enchente-sao-leiloados-por-ate-metade-do-valor-da-tabela-fipe-clxxoujbu0115015my196sezq.html

Fonte: GZH