Seguradoras globais com dúvidas sobre alianças carbono-zero

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A Aliança de Seguros com Emissões Líquidas Zero (NZIA) encolhe para apenas 13 empresas devido a acusações de violação das leis antitrust nos Estados Unidos e pressões políticas na Europa.

As seguradoras globais estão a testar os limites dos organismos ecologicamente sustentáveis apoiados pelas Nações Unidas, levantando dúvidas sobre a eficácia dessas iniciativas.

A agência Reuters apontou, nesta segunda-feira, que a Aliança de Seguros com Emissão Zero Carbono (NZIA), que reunia 30 empresas em março, agora conta apenas com 13 membros, representando aproximadamente 15% do volume global de prémios.

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Nos E.U.A., um grupo de procuradores-gerais estaduais republicanos acusa a NZIA, juntamente com a Aliança Bancária de Emissão Líquida Zero (NZBA) e a Aliança de Proprietários de Ativos de Emissão Líquida Zero, de violar as leis antitrust do país.

O cenário tornou-se especialmente relevante para as seguradoras, uma vez que o setor é regulado a nível estadual. A incerteza jurídica e política resultante dessa acusação tem levado algumas empresas a abandonarem a NZIA, enquanto outras arriscam perder negócios devido à “guerra contra a ideologia woke” promovida por políticos estaduais.

Mas a Reuters aponta que o desafio enfrentado pelos organismos ecologicamente sustentáveis vai para além dos Estados Unidos. Apesar das promessas da União Europeia de abandonar o petróleo e o gás russos até 2027 e reduzir as emissões, a crise de segurança energética de 2022 está a mudar o foco dos políticos europeus.

Países como a Alemanha estão aumentar a sua dependência do carvão para impulsionar as suas economias. No ano passado, a geração de eletricidade a partir do carvão na maior economia da Europa aumentou 8,4%, com o combustível ‘sujo’ a representar um terço da produção de eletricidade do país em 2022, de acordo com dados do Gabinete Federal de Estatísticas da Alemanha.

Essa mudança de direção política tem impactos significativos nas seguradoras. Apesar das declarações corporativas favoráveis à descarbonização, muitas instituições financeiras preferem evitar novas metas nesse sentido.

A pressão política na Europa está cada vez mais direcionada para manter as empresas de carvão como clientes, em vez de abandoná-las, o que coloca em perspetiva o compromisso com as metas de emissão líquida zero.

Embora outros grupos financeiros, fora do setor de seguros, ainda estejam a aderir à Aliança Financeira de Glasgow para Emissão Líquida Zero (GFANZ), isso ocorre, em parte, porque a adesão se tornou mais flexível.

No ano passado, o órgão teve que abandonar a exigência de que os membros se comprometessem com a campanha “Rumo ao Zero”.

Fonte: ECO – SAPO I F. Freepik