Esquema que simulava roubos de carros de luxo para aplicar golpes em seguradoras é alvo de operação no RS

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Empresário do bairro Mont’Serrat, em Porto Alegre, é suspeito de cooptar laranjas para registrar falsas ocorrências, solicitar dinheiro do seguro, além de clonar e revender veículos para SP.

Uma operação policial foi deflagrada nesta quinta-feira (1º) para desarticular um esquema que, a partir de Porto Alegre, simulava roubos de carros de luxo para aplicar golpes em seguradoras. Os agentes cumpriram cinco mandados de busca, na Capital, em Imbé e em Júlio de Castilhos, com o objetivo de reunir mais provas contra os cinco suspeitos.

Conforme a investigação, um empresário — que reside no bairro Mont’Serrat e disse à Polícia Civil ser ex-leiloeiro — era o responsável por cooptar donos de automóveis, usados como laranjas, para registrar falsos boletins de ocorrência e, com isso, solicitar restituição do valor equivalente ao preço do automóvel supostamente levado por ladrões. Além disso, ocorreria clonagem e revenda para terceiros, inclusive em São Paulo.

A investigação começou em 18 de maio, quando o principal suspeito foi preso em casa, em um condomínio de luxo. Ele estava saindo da residência em um carro clonado, com placas da capital paulista e que tinha ocorrência de roubo.

De acordo com o titular da Delegacia de Roubo de Veículos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), delegado Rafael Liedtke, o veículo — avaliado em R$ 226 mil — era uma Trailblazer, ano 2016, mas o despachante havia errado a adulteração e colocou placas como se fosse de um Corsa ano 1996.

No estacionamento do suspeito havia mais um carro, uma BMW avaliada em R$ 286 mil e também clonada com placas de São Paulo, e uma Nissan Frontier avaliada em R$ 184 mil.

Esta caminhonete não estava adulterada, mas a polícia apurou que já estaria sendo providenciada a clonagem. No entanto, o veículo foi usado na operação desta quinta como viatura policial. Depois de apreendida, a Justiça repassou o carro ao Deic.

— O mesmo carro que teve falsa ocorrência de roubo para fraudar seguro e depois ser clonado agora está conosco e já foi usado hoje (quinta-feira) contra o grupo que iria revendê-lo após o golpe.

A caminhonete, agora viatura policial, foi usada em um dos cumprimentos dos mandados de busca — diz Liedtke.

Um inquérito foi instaurado ainda em maio, e o empresário acabou sendo liberado posteriormente da prisão — mas passou a responder por delitos como estelionato.

Nesta quinta-feira, ele, a esposa, um despachante que reside no bairro Lomba do Pinheiro, e mais dois laranjas, residentes em Júlio de Castilhos, foram alvo de mandados de busca.

O despachante acabou sendo preso em flagrante por posse de arma, munição e placas clonadas.

Falsa comunicação de crime

Os suspeitos — que não tiveram nomes divulgados porque a apuração continua — respondem por estelionato, clonagem e associação criminosa. Além disso, por falsa comunicação de crime.

Segundo Liedtke, há um grande prejuízo para o erário público porque a polícia investigou os casos inexistentes, mobilizou pessoal, recursos e tempo que poderiam ter sido usados em casos reais de roubos de veículos.

Outra questão é apontada pelo delegado: casos como esses levam a uma divulgação errada de indicadores criminais por parte da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

O mapeamento das ocorrências auxilia no combate e na prevenção destes tipos de delitos. Liedtke destaca que, somente em Porto Alegre, desde janeiro de 2020 até final de agosto deste ano, foram 60 casos de falsa comunicação de roubo de automóveis.

Fonte: GZH I F. Pixabay