Seguros para bicicletas sem pedalada para o trabalho

Compartilhar nas redes sociais

Parque urbano de Rio Tinto, com espaço para as bicicletas circularem.
© André Rolo/Global Imagens

Apólices não têm cobertura para assistência em viagem em caso de furo ou de avaria. Associação de utilizadores pede registos.

Longe vai o tempo em que a bicicleta só servia para os passeios. Este veículo é cada vez mais um meio de transporte fundamental nas viagens casa-trabalho, sobretudo nas cidades.

Os seguros para velocípedes, contudo, ainda não ganharam pedalada para aderir a esta realidade.

“Falta um seguro anti-roubo que cubra os roubos na via pública como existe para os automóveis”, alerta a Associação para a Mobilidade Urbana em Bicicleta (MUBi). A situação é particularmente preocupante se estiverem em causa bicicletas de carga, “que custam 3000 euros se recorrerem a um módulo elétrico”, exemplifica ao Dinheiro Vivo o dirigente Miguel Baptista.
As particularidades do roubo de velocípedes não ficam por aqui. “Se roubarem o carro com a bicicleta lá dentro, o seguro cobre isso até ao valor de 1500 euros. Mas se o furto acontecer dentro de um comboio, não há qualquer cobertura”, avisa Ana Teixeira, co-fundadora da mediadora digital Mudey.

“A maior parte das apólices inclui a componente de assistência para acidente em viagem. Mas não há qualquer ajuda se houver um furo no pneu ou uma avaria na bateria”, acrescenta a mesma responsável.

As apólices, por outro lado, já preveem uma indemnização em caso de morte ou invalidez do ciclista e ainda o pagamento de despesas de tratamento.

A plataforma portuguesa disponibiliza vários tipos de apólices. O seguro de responsabilidade civil pode custar 25 euros por ano e paga pelos estragos causados a terceiros; se a esta proposta for acrescentada a cobertura dos acidentes pessoais, o prémio pode duplicar para 40 a 50 euros por ano.

Estes seguros estão incluídos para quem se inscrever como sócio da da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta. A anuidade é de 29,50 euros.

Alguns seguros multirriscos-habitação também já incluem os acidentes pessoais no âmbito da vida privada, furto ou roubo da bicicleta guardada em casa; o seguro escolar também já inclui os acidentes com velocípedes no caminho para as aulas.

Mesmo não sendo obrigatórias, estas proteções são cada vez mais importantes para os ciclistas. “Cerca de 53% dos clientes que procuram um seguro acabaram de comprar uma bicicleta nova.

Destes, 36% indicam que o preço de aquisição foi superior a 1500 euros”, destaca Ana Teixeira, co-fundadora da startup, que conta com mais de 4000 utilizadores.

“Há uma preocupação crescente por parte dos utilizadores que as seguradoras ainda não estão a dar resposta de forma rápida. Há muito poucas alternativas”, acrescenta a empresária.

Ana Teixeira antecipa que nos próximos tempos “não surjam seguros mais complexos”, embora o produto tenha “muito para melhorar” e necessite de “ser adaptado aos novos usos”.

Mesmo sem defender a obrigatoriedade de seguros, a MUBi é favorável à criação de um registo de bicicletas em Portugal. “Não teria de ser uma matrícula, mas poderia ser o número do quadro ou o número de série”, sugere Miguel Baptista.

Procura por apoios supera “cheques”

As candidaturas aos apoios do Estado para a compra de bicicletas já superaram os “cheques” disponíveis.

Para a compra de velocípedes elétricos, já foram entregues 1917 pedidos para os 1857 “cheques” disponíveis – embora o Fundo Ambiental apenas tenha aceitado 277 inscrições.

Nas bicicletas sem assistência, já foram recebidas 946 candidaturas para 500 incentivos a atribuir – foram aceites 173 pedidos. A MUBi espera que os apoios “possam ser reforçados ainda este ano” e o mesmo aconteça às medidas de apoio à mobilidade através das bicicletas.
Fonte: Dinheiro Vivo