Setor petrolífero nacional reduz contratos de seguro

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O seguro na indústria petrolífera caiu em 20 por cento nos últimos dois anos, como resultado direto dos reduzidos investimentos realizados, de acordo com dados avançados ontem, em Luanda, pelo presidente da comissão executiva da seguradora Bonws Seguros.

Luís Vera Pedro defendeu, no 2º Fórum Petrolífero sobre a Atividade Seguradora, promovido Bonws Seguros, a retenção no país de parte do prémio de seguro pago pelas companhias petrolíferas que é cedido para resseguro no exterior.

“Achamos que existe uma oportunidade económica enorme para o país, através da criação de uma plataforma que permita que, de forma progressiva, parte desse valor seja retido em Angola”, propôs o gestor.

Nessa acepção, o presidente do conselho de administração da Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros (Arseg), Aguinaldo Jaime, confirmou o projeto do arranque, este ano, da Empresa Nacional de Resseguros (AngoRe,) que terá como missão a retenção de uma “boa parte” dos riscos que são cedidos ao mercado internacional de resseguro.

Aguinaldo Jaime indicou que estão em definição os planos de negócios e a composição acionista, já que se trata de algo prioritário e com potencial para aliviar a pressão que se assiste sobre as reservas internacionais líquidas do país.

O presidente da comissão executiva da Bonws Seguros referiu-se ao cosseguro, cobertura de acidentes de trabalho e ao seguro de saúde como as subscrições de risco mais comuns na exploração petrolífera angolana.

“Procuramos, neste fórum, partilhar esta e outras ideias, tendo sempre em vista a promoção e desenvolvimento sustentado da atividade seguradora e, consequentemente, da economia nacional, afirmou Luís Vera Pedro em declarações ao Jornal de Angola.

Angola conta com 32 licenças emitidas pelo órgão regulador, a Agência Angolana de Regulação e Supervisão de Seguros, mas Luís Vera Pedro considera que estas empresas, apesar de estas estarem preparadas, não têm mercado.

“Algumas não iniciaram a atividade seguradora conforme esta é descrita, pois para estarmos presentes num segmento tão importante e relevante, é necessário fazê-lo de forma responsável e ter valências técnicas que transmitam confiança ao mercado”, referiu.

Os principais desafios das seguradoras estão ligados à “falta de cultura de seguro” em Angola e de recursos humanos com conhecimentos profundos neste mercado, referiu Luís Vera Pedro.

Com quatro anos no mercado, a Bonws Seguros ocupa o sexto lugar em quota de mercado através de uma estratégia de manutenção e consolidação de parceiras com os canais de mediação, parceria de proximidade e uma resposta célere em todas aos sinistros, segundo o seu responsável.

Empresas à altura

O diretor Executivo da Câmara de Comércio Angola e Estados Unidos, Paulo Pizarro, destacou, durante o encontro, a importância da adequação das seguradoras à cobertura dos riscos decorrentes da exploração de petróleo.

“Este sector joga, com certeza, um papel importante na indústria petrolífera, pois são grandes os investimentos realizados e a realizar e que têm que ser segurados”, sublinhou, considerando o sector dos petróleos, hoje, mais competitivo.

Paulo Pizarro destacou a legislação que tem vindo a ser produzida pelo Governo para adequar o sector petrolífero aos novos desafios, como os decretos sobre o gás, campos marginais, a contratação e outros. “Esta é uma oportunidade para o sector, pois, hoje, é mais competitivo”, afirmou.

Há muitos anos ligado à indústria petrolífera pela British Petroleum, Paulo Pizarro disse ser necessária mais colaboração na indústria petrolífera para viabilizar a partilha ao nível da logística e se encontrarem “soluções tecnológicas e inovadoras” para o desenvolvimento dos campos marginais a baixo custo e serem economicamente viáveis.

O 2º Fórum Petrolífero sobre a Atividade Seguradora abordou temas como “as Tendências e desafios da indústria”, “Necessidade de um amortecedor financeiro para a economia”, “Oportunidades para a economia angolana”, “Preços do petróleo para o ano de 2018”, bem como “A prevenção,  proteção dos riscos – as garantias financeiras e contrato de seguro”, “Responsabilidade civil e segurança financeira na atividade offshore” e “Os jornalistas e mercado de oil & gás”. O encontro foi realizado sob os auspícios da Bonws Seguros.

Fonte: Jornal de Angola